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Rádio Adolfo Turrion
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Adolfo Turrion na revista FortunA - Liderança Estratégica e Prática

Por Marco Antonio Jordão, responsável pelo brand marketing, distribuição, private labels e mercado externo da Adolfo Turrion, para a edição de número 4 da FortunA Revista Digital.

Vivemos os últimos 15 anos num modelo macroeconômico geralmente favorável e, sobretudo, caracterizado por uma abundância de capital e de financiamentos com taxas de juros mais baixas.

Agora estamos claramente num período de inversão, em que as taxas de juros, devido à inflação, estão num ciclo ascendente de uma forma bastante intensa.

A nossa realidade hoje é um modelo complemente diferente do que tivemos no passado recente, e vai implicar em maiores custos de capital e mais dificuldades de financiamentos. E nessa época pós COVID19 o problema da inflação não é temporário, ou seja, o dinheiro está mais caro, compra menos coisas e vai manter esse comportamento por um longo período.

As pessoas físicas vão precisar “apertar os cintos” e poupar um pouco mais, reduzindo as suas dívidas, sejam elas oriundas do crédito imobiliário, crédito direto ao consumidor, cartões de crédito e financiamentos diversos. “Esse efeito já observamos ao longo do segundo semestre de 2022 onde aumentaram as nossas vendas à vista no varejo de internet”, explica Felipe Maia, que é o responsável pela logística e pela operação do e-commerce brasileiro com o atendimento das vendas e do pós-vendas on-line da Adolfo Turrion.

E para todos nós empresários aplicam-se os mesmos pontos, dependendo do modelo de negócio e do setor em que operamos. As empresas devem verificar a sua situação financeira e devem ser mais prudentes, ter financiamentos mais longos, a taxas de juros fixas e com prioridade na maior disponibilidade de cash. Cashflows positivos no curto prazo são importantes para assegurar esta fase de transição, porque os investidores, à medida em que o custo financeiro e de capital sobem, vão priorizar cada vez mais cashflows presentes em relação aos futuros.

Nos últimos meses, o volume de consultas de empresas para reestruturarem as suas dívidas cresceu 300%, pois antes da pandemia, uma empresa sempre tinha duas opções: fazer uma recuperação judicial ou fazer um IPO. Em ambas havia a possibilidade de “um respiro”, porém, inevitavelmente a conta chegaria em dois ou três anos, e ela já chegou para muitas empresas...

“Uma empresa tinha as opções de entrar em recuperação judicial e reestruturar a sua dívida, captar via dívida para pagar o crédito velho ou captar através de Equity num IPO. Então quem é que pagou o pato por essa por essa orgia de IPOs desgovernados? Foi o coitado do investidor. Dos 83 IPOs feitos entre 2019 e 2020, 80% valem menos do que quando fizeram a suas ofertas de ações. Isso porque o plano de negócios não deu certo”... segundo o consultor Ricardo Knoepfelmacher, sócio da RK Partners.

Resumindo, o dinheiro que temos hoje pode valer muito menos amanhã, pelo que é mais importante ter um bom fluxo de caixa no presente do que apostar em previsões futuras. A taxa de juros alta vai trazer um problema que permeia vários setores e consequentemente vai haver uma contração da economia e o País não vai crescer como muitos imaginavam, com a taxa de juros sendo a grande inibidora desse processo e atrapalhando muito a vida das empresas que precisam renegociar as suas dívidas.

Com base na SERASA, 30% das empresas brasileiras estão inadimplentes e o mercado não tem liquidez para que as grandes empresas possam fazer novas emissões de títulos. Entre pequenas, médias e grandes a situação é a mesma: dificuldade de pagar em dia as suas dívidas.

No caso do varejo em geral o baque das Americanas, um gigante e uma referência no comércio físico e digital (oriundo da fusão com a antiga Submarino), a situação que já é ruim pode piorar muito. Os bancos, quando vêm esse tipo de situação, diminuem o risco setorial. Se der problema em outras companhias semelhantes, o nível de provisão dos bancos tende a aumentar. Mas, ao não disponibilizar crédito, a chance das outras empresas colapsarem aumenta.

2023 já começou com grandes provisões por parte dos bancos, de alguns milhões (que consiste numa conta redutora do ativo, que pretende representar a melhor estimativa para as perdas prováveis de uma instituição financeira). Isso não é comum para um início de ano, pois em geral esses ajustes são feitos sempre no último trimestre de cada ano. Então os bancos vão apertar mais para que a coisa não piore ao longo do ano.

Numa empresa como a Americanas, o ciclo médio de venda e recebimento era padrão. Ela recebia e pagava o produto entre 90 e 120 dias, ou seja, por exemplo ela comprava chocolate e pagava em quatro meses. Agora quem vai querer vender sem ser à vista ou em prazos bem menores, por exemplo? Tudo mudou rapidamente, porém um gigante desse não pode desaparecer de uma hora para outra, pois pode levar muita “gente grande” junto que depende do escoamento de seus produtos.

Essa alteração do cenário macroeconômico traz grandes desafios às lideranças empresariais.

Na Adolfo Turrion a nossa liderança é tanto estratégica como prática, onde recrutamos as melhores pessoas para cada posição, com o objetivo de termos uma equipe da melhor qualidade, que partilha o mesmo propósito, somando diferentes experiências, perspectivas e backgrounds, que levam a uma dialética forte sobre a melhor maneira de ir do ponto A ao ponto B.

No entanto, este cenário turbulento no qual estamos imersos também terá fortes implicações no estilo de liderança, a começar pela capacidade de planejamento. O meio está de tal modo volátil e incerto que o planejamento, que é essencial, tem de ser feito em ciclos muitos mais curtos para se ter uma noção dos possíveis novos cenários e adaptações necessárias à medida que se desenrolam.

Além de tudo isso, como o digital é uma realidade crescente e o trabalho remoto já passou a fazer parte dessa nossa nova realidade, é preciso adaptar o estilo de liderança a uma maneira de trabalhar descentralizada.

Temos muito que nos adaptar...

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